O que nos torna humanos?

O que nos torna humanos?

Larissa Luna

Larissa Luna

Sempre senti uma inversão de valores na sociedade e na mídia, colocando em destaque as emoções, acima da lógica e da razão. Ora, todos os mamíferos são dotados de fortes emoções, mais forte que as nossas. A mente animal funciona com base na emocionalidade, muitos dos seus comportamentos não fazem sentido para nós humanos, por exemplo, a obsessão dos cachorros em buscar bolinhas, ou a reação do seu cãozinho de estimação quando sabe que você vai sair e voltar tarde, e a sua felicidade desproporcional quando você volta para buscar a chave do carro que havia esquecido. Eles te recebem como se você tivesse passado o dia inteiro fora, quando foram apenas 10 minutos.

Nós humanos possuímos um lado emocional fortíssimo. Arrisco dizer que ainda somos predominantemente irracionais. Uma pesquisa da Harvard Business University constatou que 95% das nossas decisões de compra são baseadas em impulsos inconscientes (emocionais) e apenas 5% conscientes (racionais). Se replicarmos essa proporção para todas nossas tomadas de decisão, isso significa que 95% do que você compra, faz, fala e até pensa, são inconscientes, ou seja, movidos por padrões comportamentais, alicerçados nas emoções, desde as mais básicas da infância. O filme DivertidaMente retrata isso de uma forma bem interessante.

Está me acompanhando até agora? Continue raciocinando comigo: o que diferencia o ser humano dos demais animais? É a capacidade de raciocínio, a habilidade de suprimir nossos instintos emocionais para tornar possível a vida em sociedade. Afinal, o que significa o termo ser civilizado, se não a educação necessária para viver em uma civilização cujas regras vão contra muitos dos nossos instintos naturais? E não foi a capacidade de viver em grandes sociedades um dos principais fatores do desenvolvimento da nossa espécie, cultura e tecnologia sobre todas das demais do planeta? O fato é que, nossos instintos e emoções nos tornam animais, enquanto nossa lógica e razão nos tornam mais humanos.

Isso quer dizer que devemos apostar todas as nossas fichas na lógica e na razão? De jeito nenhum! Para transcender nossos limites, devemos aceitar nossa natureza animal e nossas limitações humanas, afinal, nossa razão também falha bastante, basta lembrar quantas vezes você errou uma conta de matemática simples na escola. E continua errando até hoje. A mente humana é dispersa e confusa, talvez por interferência do nosso ego e emoções, que distorcem os estímulos.

Se as emoções, quando agitadas, interferem em nossa capacidade de raciocinar, será que a dispersão mental também não distorce nossas percepções da realidade? É fato que uma mente focada é capaz de maior capacidade de realização e de aprendizado, mas o que mais? É com a estabilidade mental que iremos acessar o próximo degrau da evolução humana.

Para sermos mais humanos e conhecermos melhor nosso Self, não devemos nos entregar aos impulsos instintivos que nos fazem animais, nem abrir mãos das emoções e nos tornarmos robôs 100% racionais, frios e calculistas. Devemos administrar a instabilidade emocional e reduzir as dispersões mentais, para que deixem de ofuscar o que existe além da mente, para nos tornarmos cada vez mais intuitivos e diferenciados entre os humanos. Pense em pessoas que marcaram a humanidade: Nelson Mandela, Steve Jobs e Gandhi. Seus comportamentos não eram compreendidos pelos demais. Eles acreditavam ser capazes de mudar o mundo. E assim fizeram. O que pode ser mais humano do que a vontade de mudar o mundo?

Sabe o que esses três gênios têm em comum? Todos treinavam técnicas de meditação. E você, está esperando o quê?

                                                                                                    ?

                                                                                                    ↑

                                                                                                Intuição

                                                                                                    ↑

                                                                                                 Razão

                                                                                                    ↑

                                                                                               Emoções

                                                                                                    ↑

                                                                                                 Corpo

Por Danilo Chenchinski